O deputado federal Mersinho Lucena (PP) se pronunciou nesta sexta-feira (12) após as críticas recebidas por seu voto favorável ao projeto que trata da dosimetria das penas relacionadas aos atos de 8 de janeiro. O posicionamento do parlamentar gerou repercussão política e reações, especialmente por parte da deputada estadual Cida Ramos (PT), que questionou os impactos políticos da decisão.
Segundo Mersinho, o voto foi guiado exclusivamente por sua consciência e por compromissos assumidos anteriormente. Em entrevista à rádio Arapuan FM, o deputado afirmou que divergências fazem parte do ambiente democrático e que não vê contradição em manter sua posição mesmo diante de críticas públicas.
— Em uma democracia, é natural que existam divergências. O que não aconteceu em momento algum foi eu fugir da minha consciência ou da minha palavra. Minha palavra continua firme — declarou.
A votação do projeto também levantou discussões sobre possíveis reflexos no cenário político da Paraíba, especialmente em relação à pré-candidatura ao Governo do Estado do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (MDB), pai de Mersinho. Para críticos, o voto poderia criar dificuldades de aproximação com setores da esquerda. O deputado, no entanto, minimizou esse argumento.
Durante a entrevista, Mersinho aproveitou para ironizar a postura de aliados que optaram pela abstenção, entre eles o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP), tio do vice-governador Lucas Ribeiro e também pré-candidato ao governo estadual. Para Mersinho, a ausência na votação não representa neutralidade.
— Pelo menos eu tive coragem. E sempre terei coragem de fazer aquilo que a minha consciência manda e aquilo em que eu acredito — afirmou, em tom direto.
O parlamentar também fez referência ao histórico político recente, lembrando que Aguinaldo Ribeiro apoiou o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2016, mesmo tendo ocupado cargo ministerial em seu governo. Para Mersinho, esse episódio deveria ser levado em consideração nas avaliações atuais sobre coerência política.
— Imagina se haverá aproximação com alguém que foi ministro de Dilma, ajudou a contar votos na véspera e, no dia seguinte, votou pelo impeachment — disse.
Mersinho ainda defendeu que o Partido dos Trabalhadores faça uma reflexão mais profunda sobre quem, de fato, está comprometido com o projeto político do presidente Lula visando as eleições de 2026. Para ele, compromisso não se demonstra com silêncio ou abstenção em votações relevantes.
— O PT precisa enxergar quem realmente estará trabalhando pela reeleição do presidente Lula, e não apenas se escondendo em votações importantes — completou.
Ao final, o deputado reforçou que seu posicionamento não representa ruptura, mas sim a defesa de coerência, coragem e clareza política, valores que, segundo ele, devem prevalecer mesmo em momentos de pressão.
Resumo
Mersinho Lucena afirmou que votou a favor do projeto da dosimetria seguindo sua consciência e sua palavra. O deputado rebateu críticas, ironizou a abstenção de aliados como Aguinaldo Ribeiro e defendeu que coragem e coerência devem pesar mais do que conveniências políticas. O episódio expôs divergências nos bastidores e reacendeu o debate sobre alianças, lealdade política e o cenário eleitoral de 2026.
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