Governo promete pagar 13º nos Correios, mas proposta oficial frustra trabalhadores


A crise financeira enfrentada pelos Correios voltou ao centro do debate nacional e reacendeu a preocupação entre trabalhadores da estatal. Em meio a rumores sobre atrasos e até risco de não pagamento de benefícios, o governo federal veio a público para tentar conter a tensão e garantir que o 13º salário será pago normalmente.

Durante evento oficial realizado no Distrito Federal, o ministro das Comunicações, Frederico de Siqueira Filho, afirmou que o governo está comprometido em cumprir todas as obrigações trabalhistas da empresa. Segundo ele, não existe possibilidade de os funcionários ficarem sem o 13º salário, reforçando que o tema é tratado como prioridade dentro do Executivo.

Apesar da declaração tranquilizadora, o clima entre os trabalhadores segue longe de ser de alívio total. De acordo com a Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios (Findect), a proposta apresentada pela empresa para o novo Acordo Coletivo de Trabalho causou forte insatisfação na categoria.

Segundo a entidade sindical, a proposta prevê a manutenção do acordo atual apenas até fevereiro de 2026, sem pagamento do chamado “ticket extra”, sem reposição da inflação acumulada e sem qualquer previsão de reajuste salarial. Para os sindicatos, o pacote representa perdas reais e foi classificado como frustrante e incompatível com a realidade dos trabalhadores, que já enfrentam anos de arrocho salarial.

Os Correios, por sua vez, afirmaram em nota que seguem em processo de negociação tanto do Acordo Coletivo quanto do Plano de Reestruturação da empresa. A estatal destacou ainda que, neste momento, não há suspensão de obrigações trabalhistas e que as tratativas estão sendo conduzidas com responsabilidade institucional.

A situação chegou inclusive ao Tribunal Superior do Trabalho (TST), onde representantes da empresa e dos trabalhadores participaram de audiência recente. Na ocasião, foi reconhecido que o cenário financeiro da estatal é delicado e que não haveria recursos assegurados para garantir o pagamento do 13º salário sem apoio externo, o que aumentou ainda mais a pressão sobre o governo.

Diante desse cenário, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também entrou no debate ao reforçar a possibilidade de um aporte financeiro da União, que pode chegar a até R$ 6 bilhões, como forma de equilibrar as contas da empresa e evitar prejuízos aos funcionários e à prestação do serviço postal.

Enquanto o governo tenta transmitir segurança, sindicatos seguem atentos e não descartam novas mobilizações. A crise nos Correios escancara, mais uma vez, o desafio de manter a sustentabilidade financeira da estatal sem transferir o peso do ajuste para os trabalhadores.

Resumo


* O governo federal garantiu que o 13º salário dos funcionários dos Correios será pago.

* Trabalhadores criticam a proposta do novo acordo coletivo, que não prevê reajuste salarial nem reposição da inflação.

* A crise financeira da empresa foi discutida no TST, com alerta sobre falta de recursos.

* O governo estuda aporte de até R$ 6 bilhões para evitar agravamento da situação.

* O impasse entre Correios e sindicatos continua, mantendo o clima de incerteza.

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