A perda do mandato do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) provocou forte repercussão no cenário político nacional e reacendeu debates sobre limites constitucionais, ausência parlamentar e embates entre Legislativo e Judiciário. Autoexilado nos Estados Unidos desde fevereiro, o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que não se arrepende da decisão que o afastou do Brasil, mesmo com o desfecho negativo para sua carreira parlamentar neste momento.
Em declaração pública, Eduardo classificou a perda do mandato não como uma derrota, mas como uma “medalha de honra”. Segundo ele, sua atuação política vai além de um cargo eletivo e a história ainda está longe de acabar. O agora ex-deputado afirmou que, durante a campanha de 2022, chegou a pedir votos para outros candidatos ao Congresso Nacional, com o objetivo de fortalecer uma bancada alinhada às suas ideias.
A decisão que resultou na perda do mandato teve como base o número elevado de faltas não justificadas às sessões deliberativas do plenário da Câmara dos Deputados. De acordo com o levantamento oficial, Eduardo Bolsonaro acumulou 59 ausências, ultrapassando o limite permitido pela Constituição, que prevê a cassação do parlamentar que faltar a mais de um terço das sessões sem justificativa formal.
A medida foi anunciada pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e publicada no Diário Oficial da Casa. No entanto, a decisão não teve unanimidade dentro da Mesa Diretora. Alguns integrantes não assinaram o ato, sendo substituídos por suplentes eleitos, o que gerou questionamentos e críticas por parte de aliados do PL.
O líder do Partido Liberal na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), afirmou ter sido comunicado previamente sobre a decisão e classificou o episódio como grave. Para ele, trata-se de mais um passo no que chamou de “esvaziamento da soberania do Parlamento”, sinalizando que o partido deve recorrer ao plenário para tentar reverter a perda de mandatos.
Mesmo fora do país e sem mandato, Eduardo Bolsonaro reforçou o discurso de enfrentamento político. Ele declarou que sua permanência nos Estados Unidos teve um propósito e que, segundo suas palavras, conseguiu provocar consequências reais contra o que chamou de “ditadores”. A fala indica que o ex-deputado pretende manter protagonismo político, ainda que fora das estruturas formais do Legislativo brasileiro.
O episódio também alimenta divisões dentro do bolsonarismo, especialmente em meio às discussões sobre o futuro da direita e as articulações para as eleições de 2026. Analistas avaliam que a perda do mandato pode enfraquecer Eduardo institucionalmente, mas também pode reforçar sua imagem junto a uma base mais ideológica, que vê a decisão como perseguição política.
Resumo
Eduardo Bolsonaro perdeu o mandato de deputado federal após acumular faltas acima do limite constitucional enquanto estava nos Estados Unidos. Apesar disso, afirmou que “valeu a pena” e que a decisão representa uma medalha de honra, não uma derrota. A medida anunciada pelo presidente da Câmara gerou críticas do PL, que fala em esvaziamento do Parlamento e promete recorrer. Mesmo sem mandato, Eduardo sinaliza que continuará atuando politicamente e que ainda haverá novos capítulos em sua trajetória.
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