O Chile viveu neste domingo (14) uma eleição histórica e profundamente simbólica. O ultraconservador José Antonio Kast foi eleito presidente do país ao derrotar, no segundo turno, a candidata de esquerda Jeannette Jara, confirmando uma guinada política à direita que não se via desde o processo de redemocratização chilena.
A disputa foi marcada por forte polarização e por debates intensos sobre temas sensíveis à sociedade chilena, como segurança pública, imigração, economia e direitos humanos. Kast construiu sua campanha com um discurso duro contra o crime organizado, prometendo o envio de militares a áreas consideradas críticas, o fortalecimento das fronteiras e a deportação de estrangeiros em situação irregular.
Durante a reta final da campanha, o então candidato chegou a afirmar que expulsaria imigrantes sem documentação em até 90 dias, proposta que gerou apoio entre eleitores preocupados com a segurança, mas também críticas de organizações de direitos humanos. Do outro lado, Jeannette Jara acusou Kast de explorar o medo da população e defendeu o conceito de “segurança com humanidade”.
O resultado das urnas confirmou o que as pesquisas já indicavam. Kast obteve mais de 58,2% dos votos, segundo dados do Serviço Eleitoral do Chile (Servel), consolidando uma vitória expressiva e simbolizando uma mudança clara no rumo político do país. Ele assumirá oficialmente a Presidência em março de 2026.
Apesar da vitória, Kast enfrentará desafios significativos. O novo presidente governará com um Congresso fragmentado, embora agora mais inclinado à direita. Esse cenário tende a limitar mudanças bruscas e exigirá negociação constante com forças de centro, o que pode reduzir a margem para a implementação de propostas mais radicais defendidas durante a campanha.
A relação de Kast com o período da ditadura militar de Augusto Pinochet (1973–1990) voltou ao centro do debate nos últimos dias da eleição. Em ocasiões anteriores, ele já havia admitido ter apoiado a permanência de Pinochet no plebiscito de 1988. Além disso, declarou que avaliaria a redução de penas para militares condenados por violações de direitos humanos, especialmente idosos ou doentes — afirmação que reacendeu críticas de entidades nacionais e internacionais.
No primeiro turno da eleição, Kast e Jara terminaram praticamente empatados, o que tornou o segundo turno ainda mais imprevisível. A virada começou a se desenhar após Kast receber o apoio de lideranças influentes da direita chilena. Já o terceiro colocado, Franco Parisi, orientou seus eleitores a votarem em branco, mantendo a tensão até os últimos dias.
Com a vitória, José Antonio Kast se torna o presidente mais identificado com a direita desde o fim da ditadura militar, abrindo um novo capítulo na história política do Chile. O resultado reflete não apenas uma escolha eleitoral, mas também o cansaço de parte da população com instabilidade econômica, insegurança e conflitos institucionais que marcaram os últimos anos.
Resumo
José Antonio Kast foi eleito presidente do Chile ao vencer Jeannette Jara no segundo turno, confirmando uma forte guinada à direita no país. Com mais de 58% dos votos, Kast assume em 2026 prometendo endurecer políticas de segurança e imigração. Apesar da vitória expressiva, enfrentará um Congresso fragmentado e críticas relacionadas à sua proximidade com o legado do período de Pinochet.
0 Comentários