Trump parte para o ataque e processa a BBC em US$ 5 bilhões após documentário polêmico sobre o Capitólio


O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidiu levar a disputa com a imprensa internacional para os tribunais e entrou com um processo bilionário contra a BBC, uma das maiores emissoras públicas do mundo. A ação, apresentada nesta segunda-feira (15), pede pelo menos US$ 5 bilhões em indenizações por suposta difamação relacionada a um documentário exibido pela emissora britânica.

Segundo Trump e seus advogados, a BBC manipulou trechos de um discurso feito em janeiro de 2021, criando a impressão de que ele teria incitado diretamente a invasão do Capitólio, episódio que marcou a história política dos Estados Unidos. Para o ex-presidente, a edição do material distorceu o conteúdo original da fala e ultrapassou os limites do jornalismo, causando danos significativos à sua reputação e à sua imagem pública.

O documentário foi exibido no tradicional programa “Panorama”, pouco antes da eleição presidencial de 2024, o que, segundo aliados de Trump, agravou ainda mais o impacto político do conteúdo. A repercussão foi tão intensa que, em novembro, a própria BBC admitiu um erro de julgamento editorial e chegou a pedir desculpas ao presidente americano, reconhecendo que a edição poderia ter passado uma mensagem equivocada ao público.

Apesar do pedido de desculpas, a emissora britânica afirma que não há base legal para o processo e sustenta que o documentário foi substancialmente verdadeiro. A BBC também declarou que não pretende retransmitir o conteúdo em nenhuma de suas plataformas, em meio a uma das maiores crises institucionais de seus 103 anos de história.

A polêmica se aprofundou após o vazamento de um memorando interno da BBC, elaborado por um consultor externo de padrões editoriais, que levantou sérias preocupações sobre a forma como o material foi editado. O episódio desencadeou uma crise de relações públicas e levou à renúncia de dois executivos de alto escalão da emissora.

Outro ponto sensível envolve o financiamento da BBC. A emissora é mantida por uma taxa obrigatória paga pelos telespectadores do Reino Unido, o que, segundo especialistas jurídicos, poderia tornar qualquer eventual indenização politicamente explosiva, já que envolveria recursos públicos.

O processo foi apresentado nos Estados Unidos porque, no Reino Unido, ações por difamação precisam ser ajuizadas em até um ano após a publicação — prazo que já se encerrou no caso do documentário. Ainda assim, especialistas alertam que Trump enfrentará obstáculos significativos, pois a Constituição americana garante ampla proteção à liberdade de expressão e de imprensa.

Para vencer a ação, Trump terá de provar não apenas que o conteúdo era falso e difamatório, mas também que a BBC agiu de forma consciente ou imprudente ao enganar o público. Já a emissora pode se defender alegando que suas decisões editoriais não criaram uma impressão enganosa nem causaram prejuízo real à reputação do presidente.

O caso promete se tornar um marco na relação entre líderes políticos e grandes veículos de comunicação, reacendendo o debate sobre limites editoriais, liberdade de imprensa e responsabilidade jornalística em coberturas de alto impacto político.

Resumo

Donald Trump processou a BBC e pede US$ 5 bilhões em indenizações, alegando que um documentário editado pela emissora criou a falsa impressão de que ele incitou a invasão do Capitólio em 2021. Embora a BBC tenha pedido desculpas e reconhecido erro editorial, afirma que não há base legal para a ação. O caso aprofunda a crise interna da emissora e reacende o debate sobre liberdade de imprensa, edição jornalística e responsabilidade política.

Postar um comentário

0 Comentários