Algo mudou? Trump diz que pode conversar com Maduro

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou neste domingo (16) que seu governo pode estar aberto a conversas com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em meio ao aumento da pressão diplomática e militar de Washington sobre o regime venezuelano.

A declaração foi feita a repórteres em West Palm Beach, Flórida, antes do embarque de Trump de volta a Washington. “Podemos ter algumas conversas com Maduro e veremos como isso se desenrola. Eles gostariam de conversar”, disse o republicano, sem fornecer mais detalhes sobre possíveis negociações.

A abertura ocorre justamente quando os EUA ampliam sua presença militar no Caribe. Em setembro, o Pentágono enviou navios de guerra, caças e até um submarino nuclear para a região, em meio a operações contra supostas rotas de narcotráfico ligadas ao governo venezuelano. Desde o início de setembro, as forças armadas norte-americanas já realizaram ao menos 21 ataques contra embarcações apontadas como envolvidas no transporte de drogas, deixando mais de 80 mortos, segundo o Departamento de Defesa dos EUA.

No mesmo período, autoridades americanas indicaram que estudam classificar o Cartel de los Soles — que Washington acusa Maduro de liderar — como uma organização terrorista estrangeira. A medida tornaria crime qualquer cidadão ou entidade dos EUA fornecer apoio ao grupo. A Venezuela nega todas as acusações.

As informações de inteligência divulgadas pelo Comando Sul apontam que uma das embarcações abatidas estaria transportando narcóticos por rotas conhecidas do narcotráfico. O governo Trump afirma ter respaldo jurídico para as operações, enquanto parlamentares, grupos de direitos humanos e aliados dos EUA questionam a legalidade das ações militares.

A sinalização de diálogo por parte de Trump ocorre justamente em meio ao escalonamento militar e às tensões crescentes no Caribe e no Pacífico, elevando ainda mais as incertezas sobre os próximos passos da relação entre Washington e Caracas.

Na minha visão, essa sinalização de diálogo de Trump não é à toa. Quando a tensão sobe demais, quando se coloca submarino nuclear no Caribe e mais de 20 ataques são feitos em poucas semanas, qualquer mudança de discurso chama atenção. Conversar agora pode ser estratégia, pode ser pressão, pode ser cálculo político — mas ingenuidade não é.

Eu acredito que Trump está jogando no limite: mostra força, ataca, pressiona… e ao mesmo tempo abre uma brecha mínima para conversar. Isso coloca Maduro contra a parede e deixa o mundo tentando entender qual será o próximo movimento.

Goste ou não, é assim que a geopolítica funciona: tensão, jogo duro e, de repente, uma frase solta que muda tudo.

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