O Palácio do Planalto ligou um sinal de alerta máximo diante da possibilidade de que a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro seja decretada a qualquer momento pelo STF. Segundo informações de bastidores, a preocupação não é apenas jurídica, mas também política, já que o tema pode influenciar diretamente a sabatina e a votação do indicado de Lula ao Supremo, o advogado-geral da União, Jorge Messias.
Nos últimos dias, ministros e assessores presidenciais passaram a monitorar com mais atenção o cenário. A avaliação interna é de que, embora já fosse esperada, uma eventual prisão de Bolsonaro neste momento poderia tensionar o ambiente político no Senado, tornando mais difícil a aprovação de Messias.
O alerta ganhou força depois da reeleição apertada do procurador-geral da República, Paulo Gonet, aprovado por 45 votos a 26 — a votação mais disputada para o cargo desde a redemocratização. O resultado foi interpretado como um recado direto do Senado sobre o clima de resistência a nomes ligados ao governo.
Segundo fontes do governo, a previsão é que, assim que a decisão contra Bolsonaro for tomada, o ministro Alexandre de Moraes envie o ex-presidente para o Complexo da Papuda, em Brasília, para cumprir pena em regime fechado.
A cúpula política teme que o episódio domine o noticiário, mobilize a base bolsonarista e pressione senadores indecisos — justamente no período em que o Planalto tenta consolidar votos para Messias no STF.
No Planalto, a leitura é clara: qualquer movimento no caso Bolsonaro altera o tabuleiro político, e Lula não quer ver sua principal indicação jurídica contaminada por uma crise paralela. Por isso, auxiliares do presidente já tratam a situação como “iminente” e com impacto direto nas articulações do governo.
Goste ou não, está claro que existe uma tentativa de transformar Bolsonaro em símbolo de tudo o que o governo atual deseja combater. E, na minha visão, isso está passando dos limites. O que vemos hoje não é apenas um julgamento jurídico — é um julgamento político, construído com timing milimétrico para beneficiar interesses específicos dentro do Planalto.
Bolsonaro tem erros como qualquer líder, mas também tem um legado que não pode ser apagado por decisões tomadas em gabinetes. E o desespero do governo só reforça uma sensação que muitos brasileiros têm: Bolsonaro ainda representa uma força que incomoda. Se não incomodasse, não haveria tanta pressa, tanta pressão e tanta movimentação para tirar ele do jogo.
O que parece é que a possível prisão virou uma ferramenta para tentar reorganizar o tabuleiro do jeito que o Planalto quer. Só que mexer com Bolsonaro nunca foi simples. Cada vez que tentam derrubá-lo, ele volta ainda mais forte no debate público — e isso o Planalto sabe. É exatamente por isso que o medo deles cresceu.
Se a democracia é tão sólida quanto dizem, ela deve sobreviver até mesmo à presença de um adversário. Do contrário, não é democracia… é conveniência.
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